Resumos Gts - Comunicações Orais

Grupos de Trabalho

GT1 – Processos criativos em artes.

Bruna Arruda Neiva

A fotografia como suporte da imaginação

Imaginação é a faculdade de deformar (e não apenas formar) imagens que nos são fornecidas pela percepção.i Imaginar seria então mudar, libertar-se dessas primeiras imagens. Se não existe a união inesperada de imagens, enfraquece-se a ação de imaginar. O imaginante – artista ou um outro - será
sempre criador. “O que posso nomear, não pode, na realidade, me ferir”, diz Barthes. O que fere é justamente o que lança o desejo para além do que a fotografia dá a ver. O que não se pode nomear, o que está para além dos limites do enquadramento, é o que nos impulsiona a imaginar. A visão de que a imagem tem mobilidade - possui a capacidade de nos levar do presente ao ausente – se aproxima mais da maneira como entendo a fotografia. A ausência aqui não me remete somente ao fato de entrarmos em contato com o registro de algo que já não está, mas sim de algo que, como vemos ali, nunca esteve. Temos diante de nós, de fato, um fantasma. O que vemos não mais existe, mas sabemos que existiu; não sabemos como, não sabemos quando. A presença que se deu em um passado evidencia em uma fotografia que, o que está ali, é ao mesmo tempo ausência e presença. Um espectro. Mia Couto pensa o fazer do fotógrafo como uma possibilidade de tornar presente a ausência para aqueles que escutam as vozes que emanam da imagem: (...) A realidade atua, assim, como uma irrealidade virtual. Nós que escutamos as vozes da foto entramos em contato com os que, mesmo habitando o mundo dos vivos, pertencem ao domínio da ausência. A fotografia pode registrar e provocar percepções a partir daquilo que não podemos ver, que não sabemos que está lá. É inerente à expressão poética a propriedade de ultrapassar o pensamento, mais ainda a percepção. Eis aqui a possibilidade de tornar visível uma sensação, materializar uma atmosfera. Alcançar o ‘perturbamento’ que pulsa na arte contemporânea e de que fala Arthur Danto, o que provocaria uma tentativa de criar conexões e imaginar narrativas internas nas obras. Minha expectativa de a fotografia convidar a visitar outro lugar, mais do que somente receber um olhar que se satisfaz prontamente com o já visto, apoia-se em uma metáfora de Brissac. Ainda que ele esteja falando da pintura, aproprio-me de suas palavras para pensar a fotografia enquanto janela: “A janela trunca a vista mas não abala a certeza de que a paisagem vai além dos limites que podemos ver. [...] A janela leva para dentro e dá para fora”. O “levar para dentro” me faz pensar na potencialidade de minhas imagens ao convidarem à criação de narrativas, à imaginação de um trajeto feito dentro da própria fotografia, e, no caso das séries, um caminho também entre essas fotografias, um percurso narrativo que as costure. Já esse prolongamento da visão é causado justamente no limite enunciado pela grade, o enquadramento fotográfico. A janela enquanto limite nos lembra que a paisagem é só uma parte, que para chegar ao que ela denuncia e sopra temos que ir para além dela. O que é imaginado é sugerido e tem potência, mas não precisa ‘estar’ lá. Lacan diz que o olho é feito para não ver. Ver de fato, fazer um diagnóstico crítico e portanto subjetivo da cena, é ir além do que a visão nos dá - é convocar a imaginação e tecer outros enredos. Essa dialética do dentro e fora provocada pela janela remete também ao processo interno de quem se encontra diante da obra de arte. O processo de identificação com um trabalho poético mais ou menos hermético me parece surgir como um convite. Seria para entrar na fotografia ou imaginar o que está fora dela? O devir – o meio do caminho entre o dentro e o fora – é onde Mia Couto imagina esse lugar: Contemplam-se estas fotografias como se olha uma janela, vendo-se para além delas, num sem-fim de horizontes que hesitam entre morar dentro ou fora de nós.

Palavras-chave: fotografia, imaginação, espectro


Darli P. Nuza e Virgínia T. Souto

Pintura e projeção mapeada: o processo de criação entre arte e tecnologia

Através da experimentação e da intuição, a Arte, aguça no ser humano a criatividade e a produção, proporcionando um ciclo contínuo de reflexão e análises sobre suas inovações e impactos. Assim, nos últimos tempos, as produções artísticas abarcam as novas tecnologias e tem mostrado quão infinitas probabilidades existem, quando essas vertentes – aparentemente alheias – se integram. O objetivo deste artigo é discutir o processo de criação de obras de arte híbridas em particular o encontro entre pintura e as novas tecnologias. O processo de criação de obras de arte que utilizaram as técnicas de pintura em aquarela café e projeção mapeada é investigado. Através da análise destes estudos de caso e de teorias relacionadas discute-se a relação entre as diferentes técnicas, o processo e criação, suas possibilidades, limitações e resultados.

Palavras-chave: artes híbridas, processo de criação, pintura, projeção mapeada

Genilson Conceição da Silva

Entre a luz e o corpo – Mitopoéticas Performáticas

Este artigo pretende ser desenvolvido a partir da premissa  de que a Luz (em e na performance) pode ser um elemento catalisador de ações, acontecimentos e interações com o corpo, agindo como um desdobramento ou uma expansão deste. Propriedades tanto físicas como simbólicas conferem à luz aproximações poéticas possíveis de serem aplicadas em pesquisas na artes visuais, tais como: visível-invisivel, abstração, transcendência e que, por sua vez, foram historicamente contempladas nas artes de forma sistemática e interdisciplinar, principalmente com o advento da energia elétrica e das descobertas científicas, a partir do início do século XX.

Palavras-chave: luz, corpo, performance


Hayaldo Copque

“Sobre a aldeia”: criação dramatúrgica a partir de obras de Marc Chagall

O presente trabalho traz um olhar retrospectivo sobre o processo de escrita da peça “Sobre a aldeia” – fruto de pesquisa no Mestrado em Artes Cênicas do PPGAC-UFBA –, focando na passagem da imagem para o texto. Com base no universo de Marc Chagall (1887-1885), a peça foi construída após reunir alguns dos elementos biográficos que relacionam a obra do artista franco-russo com a arte do teatro e de proceder à análise da teatralidade em seus trabalhos como pintor.

Palavras-chave: dramaturgia, processos criativos, Marc Chagall


Leda Maria Fonseca Bazzo

Inscrições corporais em fronteiras: elementos para a performance arte

Essa pesquisa promove o encontro de sujeitos de diferentes culturas, analisamos o cruzamento cultural como novas marcas corporais, com desdobramentos no campo da performance  desempenho, realizada no cotidiano das pessoas, mas também como inspiradora para a performance arte. Observamos que o encontro de sujeitos com culturas diferenciadas promove novos diálogos numa abertura para os sentidos. A análise destes diálogos entre fronteiras auxilia na composição de arranjos corporais inspiradores tanto para a performance desempenho como para a performance arte.

Palavras-chave: corpos, culturas, performance desempenho, performance arte 


Luciana Leandro de Lucena

A crueldade na poética de Valère Novarina

O presente artigo tem por objetivo, em linhas gerais, identificar na poética de Valère Novarina, dramaturgo, diretor e filólogo francês, as influências diretas ou indiretas da crueldade de Artaud. Para tecer tal comparação, trago para análise O Teatro e seu Duplo deste e textos daquele como Diante da palavra e Carta aos Atores, na perspectiva de ampliar o conhecimento da obra de Novarina, ainda pouco explorada entre profissionais das artes cênicas no Brasil.

Palavras-chave: Artaud, crueldade, Valère Novarina


Luciane Trevisan

Edifício teatral barroco – Uma análise estética dos elementos barrocos presentes no processo de criação do espetáculo Edifício Dora.

O presente artigo analisa esteticamente o processo de criação do espetáculo Edifício Dora do grupo teatral Dragaoverdeamarelo. Edifício Dora é a oitava experiência do grupo Dragaoverdeamarelo, que reside em Mariana-MG e que, vem desenvolvendo ao longo de oito anos uma pesquisa teatral em torno da criação do personagem, do uso da estética cinematográfica, da dramaturgia sonora e da estética barroca. Busca-se a presença de elementos barrocos dentro do processo de construção teatral, processo este que engloba os diferentes exercícios usados para a construção dos personagens, apropriação de espaços físicos, criação de diálogos, criação de relações, ou seja, todos os elementos que foram utilizados para a construção do espetáculo Edifício Dora. A metodologia gira em torno não só da bibliografia teórica, como também dos diários dos atores e dos registros fotográficos e audiovisuais obtidos durante o processo criação. Demonstra-se com esta análise como é possível criar um estado estético teatral contemporâneo através de uma corrente artística histórica, que aparentemente nada tem a ver com o que vivemos hoje. Dentro desta perspectiva analítica trabalha-se com alguns elementos que são essenciais para o reconhecimento da estética barroca: tais como alegoria, excesso, luz barroca, arquitetura/ relação interior/exterior, macabro/morte, como também a relação com o divino.

Palavras chave: barroco, estética, processo criativo, teatro

Mayra Vilar Lins

Como gerar estados de começo na arte?

Nesta trabalho, a autora apresenta algumas reflexões a partir dos resultados parciais de sua pesquisa teórico-prática tendo como investigação a formação de cristais no espaço expositivo. A Instalação SATURAÇÂO busca criar um diálogo direto entre o aparecimento (aparição) destes corpos no espaço e o processo mesmo da criação de uma obra. Da inquietação ao acontecimento, do caldo molecular à organização celular quase perfeita. Os resultados processuais são imprevisíveis e inéditos, a dinâmica dos cristais impregnam também o fazer artístico. Para esta pesquisa poética, os cristais são acontecimentos de superfície, habitam a região do ‘entre’. Com este trabalho, a artista-pesquisadora busca ser capaz de tornar visível um dos infinitos arranjos que as forças da vida engendram na vastidão escura e indefinida. Os cristais trazem surpresas valiosas a respeito de sua natureza. Arranjos de ordenação precisa revelando por sua vez a memória do universo molecular que se organiza a partir do caos. Os cristais são a própria diferença que se engendra na repetição, replicação celular para uma manifestação original e irreprodutível.

Palavras-chave: cristais, diferença, repetição, germinação


Paulina Andrea Dagnino Ogeda

ORIXÁS CENTER EMCENA: UMA DRAMATURGIA CONTINGENTE NAS RUAS DA CIDADE DA BAHIA
                           
A pesquisa aborda a encenação em Espaços Não Convencionais para Teatro (ENCT), neste caso na cidade de Salvador. O percurso deste projeto poético apresentado como tese foi dividido em três grandes partes: Instauração Estética Orixás Center, Espaço Público e Encenação, e Orixás Center emCena; cada uma destas abrange uma reflexão diferente a respeito deste fazer cênico, oferecendo um olhar mais amplo a respeito da proposta desempenhada pela autora desta tese também como encenadora.
Palavras chave: encenação contemporânea; processos criativos; teatro de rua

Raoni Gondin

Trajetos possíveis; O caminhar como obra aberta.
O conceito de "Campo Ampliado", de Rosalind Krauss (1979), tal como o termo "Desmaterialização da Arte", cunhado por Lucy Lippard nos anos 1960, delineiam um território de diálogo com a Arquitetura, a Escultura e a Performance, no qual a "Prática do Caminhar" sugere inúmeras possibilidades poéticas. A partir deste contexto, investigamos nos percursos urbanos ações que estejam embasadas na estética do caminhar, entendida por Francesco Carreri, (2003) como elemento primordial da existência humana. Mediante esta ação, estabelecemos nexos, inspirados em Cecília Salles, entre as inúmeras possibilidades de encontro entre espaço e indivíduo. 
Palavras-chave: percurso, território e escultura de comportamento





Robson Takeo Shishido

Geoestética, uma proposta artística colaborativa. 

A proposta de pesquisa “Geoestética, uma proposta artística colaborativa” trata de uma investigação que parte de uma produção artística e o comprometimento de indivíduos de culturas distintas nesta produção. Este projeto é parte integrante da pesquisa desenvolvida no PIBIC “A imagem fugaz: imaginário e desejo nos processos artísticos contemporâneos”, orientado pelo Prof. Dr. Eriel de Araújo Santos.  Cinco objetos artísticos, construídos em cerâmica, serão distribuídos em regiões do Brasil para uma participação da sociedade, na qual a obra será preenchida por moedas nacionais. A discussão se estenderá com a permanência da forma-objeto escultórica ou destruí-la para recuperar o dinheiro. 

Palavras chave: artes visuais, arte colaborativa, cerâmica, geoestética

Rosa Bunchaft

Corpo - imagem: a camera obscura de grande formato como produção artística contemporânea.

Por que fazer arte com a camera obscura, com toda sua carga de historicidade, se enquanto fenômeno da natureza e aparato ótico, já foi estudada e utilizada por artistas e cientistas no passado?  Por que seria pertinente investigá-la hoje, mais de um século e meio depois do nascimento da fotografia, depois da incrível evolução técnica que esta atingiu e das duas grandes revoluções que produziu: o cinema e a imagem digital? Neste trabalho, a autora apresenta algumas reflexões a partir dos resultados parciais de sua pesquisa teórico-prática tendo como objeto a camera obscura penetrável em espaços de grande dimensão e mostra estratégias em que, através do corpo, a arqueologia da imagem pré-fotográfica se torna uma estratégia de produção poética contemporânea.

Palavras chave: camera obscura, corpo, imagem


Vera Chaves

40 anos de uma arte em processo

A presente comunicação abordará as diferentes fases do meu processo criativo. Devido à geração a que pertenço, venho de uma formação ainda inserida em conceitos modernos, onde a forma e cor eram valorizadas, ainda nos anos 1960, evoluindo para conceitos pós-modernos, pelo uso da fotografia associada a questões de percepção e da  participação do espectador, já nos anos 1970. Em seu posterior desenvolvimento, a obra se desdobra em séries com a manipulação de imagens, onde original e cópia se confundem, e dá seguimento a instalações multimídias de grande formato onde o emprego da fotografia é acompanhado de objetos, som, vídeos, ou de outras tecnologias.

Palavras chaves: imagem, percepção, processo


Wagner Lacerda de Oliveira

Mulher porcelana também quebra louça

Performance que reclama os valores estabelecidos socialmente de gênero e comportamento através de variações  de rigidez e flexibilidade, presentes no comportamento humano associando as diferenças, poeticamente compara a composição química dos materiais existentes na porcelana com as variações de identidade humana: como o caulim, argila branca maleável que enrijece ao ir ao forno e funde-se ao feldspato chamado Baidunzi nome chinês do esmalte que reveste  no forno uma porcelana, tornando-se refratária. Conectando os limites entre a pesquisa em arte e a pesquisa científica.

Palavras chaves: performance, antropologia, comportamento, química

GT2 – História e crítica de arte.

Anna Carolina Santanna de Almeida

Esta pesquisa teve como objetivo estudar as reflexões sobre a relação entre arte e ciência na obra de Mário Pedrosa, crítico brasileiro de arte. Para o desenvolvimento desta foi destacado aqui o período que compreendeu os anos de 1940 a 1970, pois este foi de intensa produção do autor. Mário Pedrosa inovou a sua produção crítica, ao introduzir uma base teórica para fundamentá-las e a partir disto, construir uma apropriada avaliação destas. Foi de sua competência analisar o binômio Arte e Ciência pelo viés da sistematização de uma nova simbologia agregada às formas geométricas, relacionando a maneira de conceber as criações destas duas áreas através da intuição e da sensibilidade com a constituição da percepção de cada indivíduo.

André Luíz Barbosa Calvo

OS PROGRAMAS DECORATIVOS DOS ARCAZES DE CINCO SACRISTIAS DOS TEMPLOS DAS ORDENS PRIMEIRAS NA BAHIA E A SUA INTENCIONALIDADE POLÍTICA RELIGIOSA.

A Bahia ainda e os seus monumentos históricos ainda necessita de diversos olhares investigativos no que se refere ao seu patrimônio móvel ou integrado em conjuntos históricos, principalmente quando se trata dos artigos e objetos sacros, por esse motivo é que desejamos com a continuidade da nossa pesquisa desenvolver uma série de ações investigativas que pretendem discutir e questionar as reais intencionalidades das ornamentações realizadas nesses móveis de guarda denominados como arcazes, possibilitando assim uma melhor análise formal e simbólica dessa tipologia de mobiliário sacro e do ambiente das sacristias, dentro dos quais eles estão inseridos no espaço das Igrejas, além de proceder a uma relação direta entre os seus programas decorativos ornamentais e a manutenção do poder político religioso da Igreja Católica Apostólica Romana na América Portuguesa nos séculos XVII e XVIII.

Palavras-chave: arcazes, programas ornamentais, religiosidade e poder
Kamyla Faria Maia

É Tudo Verdade: A Estrutura do Festival e a Influência do Dispositivo no Documentarismo Brasileiro

Este artigo reflete sobre o festival de cinema documental enquanto dispositivo mantenedor de uma cultura audiovisual não ficcional e da memória do documentarismo brasileiro. Para tanto traz como objeto as quinze primeiras edições do Festival Internacional de Cinema Documentário É Tudo Verdade, o maior do gênero na América do Sul. O trabalho analisa, sob a perspectiva da história das artes e das mídias, a estrutura do dispositivo e de que maneira ocorre a manutenção da memória do gênero documental, utilizando a teoria histórica e a concepção de lugar social (Certeau) e as contribuições no campo da memória (Ricouer), bem como autores da teoria da narrativa no campo dos estudos intermídias.

Palavras-chave: lugar social, memória, festival, cinema documentário

Márcio Pizarro Noronha

Interartes, transmidialidades e as questões em torno de uma cultura e uma política de imersão na contemporaneidade. Um enfoque teórico-metodológico em arte e psicanálise para os estudos em História da Arte.

Este trabalho tem como intuito apresentar o desenvolvimento e a história do grupo de pesquisas Interartes / estudos de performance (UFG-CNPq), cujo foco teórico-metodológico é o de investigar as relações entre a contemporaneidade e o que se denominam de relações entre as artes e as artes e mídias (entendidas como suporte físico, meio técnico e tecnologias e forma de aparição das obras). Os conceitos entrecruzados de audiovisualidade e corpo retomam um debate sobre sistemas perceptuais-cognitivos e a experiência sensorial imersiva presente na arte e na cultura/política contemporâneas. A imersão enquanto categoria da aisthesis se revela em diferentes gradações e enuncia a problemática da presença/ausência dos estados eróticos-pulsionais nas artes, afinando o debate acerca do potencial ético-estético.

  
GT3 – Arte e educação.

Camila Bonifácio Santos de Jesus

Teatro do Oprimido e as questões de gênero: reverberações a partir da prática artística com juventude

A reflexão deste texto faz parte da pesquisa que compõe a linha de Processos Educacionais do PPGAC/UFBA, buscando de certo modo, compreensões diante do caminho que pode ser trilhado entre o teatro do oprimido e questões sociais como as de gênero. Coube nesta análise não simplesmente questionar a importância do ensino do Teatro, mas revelar reflexões através de ações artísticas que por si mostraram como se fazem importantes aos indivíduos dentro e fora da sala de aula, a partir dos movimentos criativos e transformadores.

Palavras-chave: teatro, gênero, juventude

Kelly Sabino

De Pollock e Kaprow para o professor:
Notas sobre o corpo na arte e na educação contemporâneas

Allan Kaprow, criador do conceito de hapenning, sugere, ao vermos uma pintura de Pollock, forjarmo-nos acrobatas nos deslocando das mãos para o corpo do artista. Já em Kaprow, o corpo era a obra. Esse artigo pretende refletir sobre as contribuições desses dois artistas para o corpo do professor de Artes Visuais na sociedade contemporânea. A pergunta já proferida por Deleuze:  “Que pode o corpo?" se apresenta neste artigo como tentativa de problematizar os modos de representação/idealização do corpo a partir da aula de arte. Como movimentar esse tipo de conteúdo e extrapolá-lo em uma experiência para o corpo do professor e dos seus alunos?

Palavras-chave: Pollock, Kaprow, corpo, arte contemporânea, educação

Lisa Minari Hargreaves

O alimento poético na aula de arte: proposta de ensino no espaço arte/educativo
A produção alimentar e a produção artística apresentam características peculiares que colaboram tanto na construção da identidade sócio-cultural coletiva e individual quanto na elaboração de uma produção artística e de uma história da arte mais abrangente. Neste artigo propõe-se  a construção de um diálogo entre o universo alimentar e a produção artística como possibilidade de experiência diferenciada em arte/educação, voltada para a sala de aula. Tendo em vista as novas propostas educacionais voltadas para o ensino da arte, propõe-se um “saboroso” diálogo qual possibilidade temática geradora, para ser pensada e vivenciada interdisciplinarmente na aula de arte.

Palavras-chave: arte/educação, arte alimentar, aula de arte


Neila Cristina Baldi

O que há do lado de lá? Um novo olhar para o ensino do balé clássico, por meio da educação somática

Este trabalho, fruto da pesquisa de Mestrado em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), reflete o ensino do balé clássico sob uma perspectiva metodológica somática. O texto reflete sobre a necessidade de mudança de olhar para o ensino do balé clássico, baseado em uma metodologia mecanicista e apresenta a proposição de um outro olhar, a partir de princípios da Educação Somática.  Nesta pesquisa, os conteúdos da dança clássica são integrados à Estrela Labaniana (corpo, ações, espaço, dinâmica e relacionamento) e aos fundamentos da Coordenação Motora de Béziers.

Palavras-chave: educação somática; balé; metodologia de ensino; pedagogia da dança


Rubenilde da Silva Gonçalves

O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE CASA NOVA/BA: DOS CONTEXTOS À BUSCA PELA QUALIDADE NO ENSINO/APRENDIZADO

O trabalho investigou como acontece o Ensino de Artes Visuais na Educação do Campo numa escola de referência, que atende em média 200 alunos dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). A partir da minha vivência educativa com a Educação do Campo, observei que na maioria das escolas do interior do município de Casa Nova/BA, as aulas de Artes são oferecidas aos professores como complementação de carga horária. Sendo assim, as Artes Visuais são trabalhadas por professores de qualquer área de conhecimento. Como metodologia de pesquisa, utilizei a abordagem qualitativa (DENZIN e LINCOLN, 2000), apoiada no estudo bibliográfico e na pesquisa de campo. Entrevistei o público-alvo, ou seja, os professores da escola investigada, que lecionam Artes Visuais nas aulas de Artes. Nos estudos bibliográficos, privilegiei os seguintes autores que abordam o Ensino de Artes Visuais: Barbosa (2010), Iavelberg (2003), Fusari e Ferraz (2001), Pereira (2010) e Hernández (2007). Na área de Educação do Campo, os autores de referência foram: Reis (2011) e Kolling, Cerioli e Caldar (2002). Desta forma, procuro com esta investigação compreender como os professores entrevistados ensinam Artes no campo, quais as concepções metodológicas a que se referem e se são conscientes ou não da relação entre teoria e práticas educativas. Portanto, busco por meio dos dados coletados e da análise em literatura especializada, discutir as teorias sobre o ensino de Artes Visuais na prática que ainda é vivenciada nas escolas municipais, especificamente da zona rural. Nas considerações finais, esta investigação pretende demonstrar possibilidades do ensino de Artes Visuais na Educação do Campo com uso de concepções metodológicas contemporâneas, promovendo um ensino/aprendizado de qualidade.

Palavras-chave: ensino de artes visuais, concepções metodológicas, educação do campo

Thaíse Adorno Bispo, Luana Andrade e Miriam Jéssica

Arte e Educação como proposta de mudança
O presente artigo busca situar a importância da arte e educação a partir da visão de estudantes de um projeto de extensão intitulado Mudança que busca a retirada de sujeitos de seus locais costumeiros de lazer e cultura e possibilitar aos mesmos, novas experiências. Ou seja, preza-se pela saída destas pessoas do seu local (território que habitam) vivenciando o global (novos ambientes de lazer e cultura), pois compreende-se que a ação educativa da arte presente neste processo de desterritorialização, atua como veículo de transformação e um canal para o vislumbre de novas possibilidades e horizontes, corroborando para a formação de um cidadão consciente, crítico e participativo e capaz de compreender a realidade em que vive e construção de um contexto favorecedor da criatividade e visão crítica indispensáveis à formação de consciências livres e autenticamente emancipada.
Palavras-chave: arte; educação; mudança
Tina Melo
O objetivo desse artigo é discutir as particularidades e possíveis articulações entre o estudo da arte nas instituições de ensino e a formação de percepções da cultura e do indivíduo negro, enquanto processos construídos historica, social e culturalmente. Considera-se que essa discussão não pode prescindir do debate político sobre as reais condições sociais e educacionais da população negra na sociedade brasileira, apontando para a necessidade de revisão das posturas adotadas pelas instituições educacionais e políticas no sentido de reverter o quadro de invisibilização do negro na historiografia ocidental/ oficial que conhecemos através das representações nos livros adotados por grande parte dos currículos nacionais.

GT4 – Filosofia, sociologia e antropologia da arte.

Guilherme Delgado
AJUIZAR, APESAR DE TUDO

A proposta desta comunicação é debater questões relacionadas ao juízo estético e à política, a partir dos autores Thierry de Duve e Didi-Huberman. Por mais que haja várias diferenças argumentativas entre os autores, acredita-se que é possível pensar um diálogo entre os dois. Serão enfocados, especialmente, os textos “Imagens, apesar de tudo” e “A Arte diante do Mal Radical”, os quais tratam tratam dos dilemas estéticos e políticos suscitados por imagens que envolvem regimes genocidas.

Palavras-chave: Didi-Huberman, de Duve, juízo estético, política
Kelly Sabino

Ecos do cinismo: a vida do artista como escândalo da verdade

Durante todo o seu curso final ( A coragem da verdade - 1984), Michel Foucault analisa o franco falar (parresía), que na vida dos cínicos na Antiguidade Clássica, adquire sua melhor representação - a vida verdadeira.  A partir da noção do modo de vida do cinismo como manifestação e escândalo da verdade, procuramos, dentro do que Foucault aponta como uma história longa do cinismo, encontrar na emergência da "vida de artista" localizada entre os séculos XVIII e XIX, um dos possíveis ecos da verdade entendida como vida – bíos como aleturgia – na arte.

Palavras-chave: arte; vida de artista; Michel Foucault; cinismo

Nelma Cristina Barbosa de Mattos

Arte afrobrasileira: um problema multidisciplinar?

O artigo problematiza o campo de estudos da Arte Afrobrasileira. Discorre sobre as diferentes áreas que tem contribuído para a temática. Justifica a necessidade de abordagens multi e interdisciplinares e uso de novas metodologias para tais investigações. A recente retomada desses estudos integra um complexo quadro hodierno de ações afirmativas. Tais pesquisas hoje visam diluir dúvidas e desigualdades. O tema Arte Afrobrasileira tem limites muito fluídos com as questões identitárias do país. As subjetividades e sensibilidades  negras foram negadas inclusive no sistema da arte, onde se reproduzia – e ainda se reproduz !–  hierarquias estéticas.

Palavras-chave: arte afrobrasileira, pesquisa, multidiciplinaridade. identidade nacional




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